Monday, November 24, 2014

ISKY, O GATO DE OLHOS AZUIS






Depois de um dia de trabalho, há uns 10 anos atrás, de vários kms andados, regressei ao meu carro. Coloquei a chave na ignição e o barulho que ouvia impedia-me de continuar. Pareciam as patinhas de pássaros dentro do motor do carro. Um senhor, que por sinal era mecânico, ajudou-me. Abriu o capô do carro e deparámo-nos com uns olhos lindos azuis  num pelo branco fofo. O senhor teve de ir buscar as chaves de ferramentas e desaparafusar parafusos e porcas. O animal custou a sair de um dos tubos. Que fazer com o animal? Deixá-lo em que lugar, pois já tinha parado em três lugares distantes e se o gatinho tinha conseguido sobreviver nesse trajeto... Indecisão!  Resolvi pô-lo no banco de trás e seguiu comigo para a sua nova casa.
 Mais um animal que trazia. A primeira reação dos meus pais foi «Por que não encontras uma ovelha»? E se encontrasse, faria o mesmo: seria um animal de estimação, membro da família.
Ao princípio o Isky estava tímido e nem queria comer. Inventei de tudo: granulado diverso; patés... até que começou a degustar pescada cozida.... e depois adotou uma das rações preferidas.
O tempo foi passando e fomos felizes. Foi a companhia dos meus pais, a minha ... a presença desejada.
Viu partir os donos mais velhos, sentiu a sua ausência... Há uns dias que não queria comer.. e até camarão eu cozia para que ele se alimentasse. Eu desejava chegar rapidamente a casa para ver se ele estava melhor. Melhorou! Mas... Ontem, pediu ajuda. Peguei nele e fui para o Hospital Veterinário.
Após o diagnóstico, o meu amigo partiu sereno.
As lágrimas corriam, correm e uma dor de vazio invadia, invade o meu interior.
Adoro-te, meu gatinho querido!

Wednesday, November 12, 2014

GARRAFA DE VINHO...POÉTICO






    Bebo  um
  Bebo dois
  Bebo  três
E vou bebendo… só  ou  contigo.
O sol brilha brilhante sobre mim.
Sobre mim, não em mim, porque
Em mim há lágrimas ou risos dos
Copos que humedecem os órgãos
Do meu corpo sedento de alegria.
E é tão pura a magia qu’embriaga
As madrugadas cheias d’um vazio
Assustador  que chego a sentir dor
Do choro ou  da  gargalhada  dada.
Um no-sense com sentimento.Meu
Olhar é espelho  do vivido, sentido
No  vinho que  me deita no leito de
Um sono profundo, porque já é dia!
 E a realidade é sóbria.

                                      Isabel Montes
        in Revista digital «Efémera» N.º 1